Zhang Zhung & Dzogchen

O país de Zhang Zhung já foi um reino poderoso que ficava no que hoje é o oeste e o norte do Tibete, centrando-se no famoso Monte Kailash. Se considerados apenas sua tradição escrita, esses ensinamentos e práticas remontam pelo menos ao oitavo século da nossa era, vindo do grande mestre Bön Tapihritsa e transmitida a seu discípulo Gyerpung Nangzher Lodpo. O mestre Tapihritsa deu permissão a seu discípulo para escrever esses preceitos do Dzogchen pela primeira vez na língua de Zhang Zhung. Esses mesmos preceitos foram traduzidos para a língua tibetana por Ponchen Tsanpo para o benefício de seus discípulos tibetanos. No século XI, esses preceitos foram coletados de várias fontes no Tibete Ocidental e no Nepal e colocados em sua forma atual por Orgom Kundul e Yangton Sherab Gyaltsan. Assim, mesmo com a perseguição contra o Bön estes ensinamentos nunca foram ocultados ou perdidos, esta transmissão representa uma linhagem contínua e ininterrupta desde os primeiros tempos até presente.

O principal discípulo do mestre Tapihritsa foi o grande Gyerpung Nangzher Lodpo. Ele também nasceu em Zhang-zhung, no distrito dos lagos de Darok, no norte do Tibete. Ele começou a estudar os Nove Caminhos de Bön se tornou muito proficiente em todas essas práticas. Então, aos quarenta e sete anos, ele conheceu Tsepung Dawa Gyaltsan, que já havia sido o mestre de Tapihritsa.

Cinco anos após este primeiro encontro, quando Gyerpungpa estava em retiro na ilha no lago Darok, ao meio dia do décimo quinto dia do primeiro mês de verão, ele teve seu segundo encontro com o mestre Tapihritsa que ficou conhecido como “o Advento Intermediário e Encontro”. O jovem Tapihritsa novamente apareceu para ele em um clarão de luz, sentado nu no meio de uma esfera de arco-íris suspensa no céu. Gyerpungpa se prostrou para ele e andou ao seu redor por três vezes. Então Tapihritsa ensinou a Gyerpungpa a natureza da mente e transmitiu ao seu discípulo os ensinamentos sobre as Seis Lâmpadas.

Algum tempo depois, Gyerpungpa teve seu terceiro encontro com o mestre Tapihritsa enquanto meditava novamente em uma ilha no lago Darok. Tapihritsa novamente se manifestou na frente dele em sua forma Nirmanakaya. Tapihritsa então se dirigiu a ele, dizendo: “Você foi levado à Base Primordial – Natureza da Mente. Agora vou ensinar-lhe as instruções orais profundas e secretas para o Dzogchen. Este será meu ensinamento final para você e representa os mais altos ensinamentos do Bön e o coração dos ensinamentos tântricos. É como o olho do corpo”. Esses ensinamentos vieram originalmente do próprio Dharmakaya e foram transmitidos através das linhagens celestiais e terrestres para Tapihritsa. O mestre deu sua permissão e, ao seu comando, Gyerpungpa escreveu esses breves ensinamentos com tinta azul em papel branco. Assim, ele gravou “O Upadesha em oito capítulos”. Então Tapihritsa ensinou-lhe “Os 21 pregos”, que pertencia ao ciclo secreto excedente. Este foi o seu terceiro e último encontro.

Sobre o refúgio

by Bön Highest Master Lopon Tenzin Namdak Rinpoche

A prática de refugiar-se no mestre raiz inclui o refúgio em Lama, Yidam e Protetores. Confiar no mestre raiz faz ele acompanhar você nesta vida, no bardo e na outra vida. Somente o mestre raiz pode te ajudar a se libertar dos grandes sofrimentos que você traz nesta vida e nas próximas. Esta é a razão porque você deve confiar nele.

Criar um sentimento falso de confiança no mestre raiz não é bom. O refúgio que você faz com as palavras é a prece que você pronuncia. Mas o refúgio que acontece na sua mente é a confiança. Eu não sei se nestes tempo a confiança é importante mas antigamente era essencial. Antigamente a família era um laço muito sagrado mas hoje não sei mais. Os tempos mudaram mas as pessoas não. Se você tem confiança e uma forte crença então o refúgio existe. Se você não tem confiança e forte crença então o refúgio não existe.

Não importa a prece que sai da sua boca o importante é ter confiança, uma confiança autêntica nas três jóias. Quando pronuncia a prece de refúgio você cria um voto de confiar e se conectar com os objetos de refúgio. Os votos de refúgio e o próprio refúgio são coisas diferentes. A confiança é a mente do refúgio e a mente não morre, por esse motivo o refúgio o acompanha no bardo e na próxima vida.